domingo, 8 de julho de 2012

Adolescência é coisa do cérebro e não dos hormônios

Ah, a adolescência. Como se não bastasse ficar desengonçada e ter de aprender no susto a lidar com o corpo crescendo e mudando de proporções rápido demais, eu ainda tinha de ouvir “são os hormônios, depois passa”. Por alguma razão, a frase me irritava profundamente. Minha “vingança” chegou anos depois, pelas mãos da neurociência: hoje se sabe que os hormônios pouco têm a ver com a adolescência. Ela nem mesmo é iniciada por eles – e sim pelo cérebro. E mais: adolescentes nem são crianças grandes, nem adultos donos de um cérebro já pronto e apenas temporariamente inundado, obnubilado por hormônios. Adolescentes são donos de um cérebro adolescente, em franca remodelagem, e justamente daí vêm todas as características da fase.


As transformações da adolescência começam no hipotálamo, que aguarda do corpo um sinal, na forma do hormônio leptina, de que já há gordura suficiente acumulada para iniciar as transformações. Só então o hipotálamo passa a produzir uma substância chamada kisspeptina, que desencadeia uma série de mudanças. Uma das alterações no hipotálamo comanda a produção de hormônios sexuais e o torna sensível a eles, o que permite ao cérebro descobrir o sexo – esta, sim, a verdadeira função desses hormônios. Incidentalmente, é aqui também que o adolescente descobre sua preferência sexual – descobre, não escolhe: qual dos sexos deixa o hipotálamo excitado (agora que ele se tornou excitável) depende de eventos que já aconteceram no cérebro lá no início da gestação. Escolha sexual é apenas o que se decide fazer com a própria preferência sexual: abraçá-la ou escondê-la.



Logo em seguida vêm as alterações no sistema de recompensa, que sofre uma enorme baixa em sua sensibilidade à dopamina e deixa de encontrar graça no que antes dava prazer. O resultado é um conjunto de marcas diagnósticas da adolescência: tédio, perda de interesse pelas brincadeiras da infância, impaciência, preferência por novidades e um gosto por riscos – que o jovem, claro, julga estarem sob seu controle. O conjunto é ótimo, pois nos faz abandonar os prazeres da infância e querer sair de casa em busca de outros horizontes. Senão, quem abriria mão de casa, comida e roupa lavada?






O único porém é que as mudanças necessárias no córtex cerebral para lidar de modo adulto com os novos impulsos adolescentes levam cerca de dez anos para acontecer. Atenção, linguagem, memória e raciocínio abstrato são processos até que rapidamente aprimorados, em torno dos 14 anos, e postos à prova com o interesse súbito por política, filosofia e religião. Por outro lado, a capacidade de se colocar no lugar dos outros e de antecipar as consequências dos próprios atos, bases para as boas decisões e para a vida em sociedade, só chega bem mais tarde, por volta dos 18 anos, à força de mudanças no cérebro e de muita experiência. Só o tempo não basta: tornar-se independente e responsável requer aprender a tomar boas decisões, e isso só se aprende... tomando decisões. Se tudo der certo, o resultado desse período de ampla remodelagem guiada pelas experiências do aprendizado social, sexual, cultural e intelectual é o que todo pai e mãe anseiam para seus filhos: que se tornem independentes, responsáveis e bem inseridos socialmente. 


Adolescentes, portanto, fazem o que podem com o cérebro que têm – e é bom que seja assim. Nosso dever é ajudá-los oferecendo informações, alternativas, e também o direito de errar de vez em quando. Fico aqui torcendo para continuar pensando assim quando meus filhos virarem adolescentes...

por Suzana Herculano-Houzel


Giovani Gatto

sábado, 7 de julho de 2012

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Filme "A Partida"




Simbólico, por vezes engraçado, sensível e emocionante, "A Partida" é um filme que proporciona diversas reflexões sobre o conturbado universo da morte. O protagonista, ao ter que lidar diretamente com o considerado pela maioria das pessoas como o tão temido fim devido à sua profissão, acaba descobrindo em sua vida as “pequenas mortes”, transições inevitáveis que ocorrem no percurso de sua trajetória e a necessidade de renascimento que nos é proporcionado a cada virada de rumo na nossa vida. Oportunidades essas geralmente desperdiçadas, dado a nossa ineficiente disposição a encarar a morte com olhos generosos. Por isso, “A Partida” nos instiga a encarar a morte não só como um processo natural, mas também como algo belo e sublime, assim como também nos faz refletir sobre o verdadeiro sentido da vida.
http://www.youtube.com/watch?v=yZ_a3NlQqpI


Daiana Friedrich
O Último suspiro.
    Colegas  após a ultima aula nada como refletir sobre a aula  que tivemos. Primeiro quero ressaltar que amanha estarei em viagem e o assunto de hoje foi intrigante digamos. Primeiro o Pedro falando de acidente de avião e depois a Camila falando de morte de universitário. Mas, voltaremos.Segue o link que achei muito ineterssante e que  refleti bem as palavras em aula.
A morte sempre suspira em nós diversos sentimentos. Medo, angustia, solidão, coragem.
Vamos a reportagem.



http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/segundo-caderno/noticia/2012/07/a-morte-e-tema-de-debate-com-altair-martins-na-flip-3812135.html

Lúcio Brum

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A cidade sem memória

Conheça a lugar que pode ser a chave da cura para o Alzheimer

por uan David Ortiz Franco (de Angostura) e Mariana Caetano

Os genes de um grupo de famílias de Angostura, na Colômbia, podem guardar a chave para decifrar e tratar o Alzheimer. Portadores de uma mutação que os leva a adoecer, eles serão cobaias de uma pesquisa de 50 milhões de dólares.

No extremo norte da Cordilheira dos Andes, uma imagem do beato mais famoso da Colômbia guarda a entrada de Angostura, a 139 km de Medellín. Centro de peregrinação desde os anos 20 para os devotos do padre Marianito, enterrado na igreja matriz, hoje a cidade atrai médicos, pesquisadores e a atenção do mundo. O que os moradores já chamaram de maldição pode ser a chave para um novo tratamento contra o Alzheimer. Mais de 12% dos cerca de 12 mil habitantes têm uma mutação genética que leva a um tipo raro e precoce do mal. Os primeiros sintomas surgem por volta dos 35 anos - de pequenos lapsos de memória, a doença destrói os neurônios e evolui implacável até comprometer as habilidades básicas da pessoa e matá-la.

Javier San Pedro Gómez e Maria Luisa Chavarriaga Mejía se mudaram com os 3 filhos para os arredores da atual Angostura perto de 1745. Na época, a notícia de que havia ouro nos rios da região atraiu muitos migrantes. Dali, os descendentes do casal chegaram a Yarumal, Medellín e pelo menos a mais 6 municípios de Antióquia. Não existe outra família tão afetada pelo Alzheimer precoce e hereditário - há no mínimo 5 mil pessoas de 25 ramos do mesmo clã. A metade de todas as pessoas no mundo que tem essa forma da doença está no estado colombiano. "Antióquia é uma ilha genética, uma espécie de laboratório natural e essa desgraça se converteu em uma oportunidade", diz Francisco Lopera, coordenador do Grupo de Neurociências da Universidade de Antióquia. Em parceria com um instituto americano, o grupo está concluindo o mapeamento genético dos moradores e vai selecionar 250 voluntários que serão medicados a partir do ano que vem, antes de apresentarem os sintomas da doença.

É uma das apostas para tentar atrasar ou impedir que o Alzheimer se desenvolva. Acredita-se que os remédios hoje disponíveis têm sido pouco eficazes porque chegam ao paciente tarde demais. O cérebro já estaria muito debilitado para reagir. "Outros testes precisam ser feitos, sobretudo em relação ao Alzheimer tardio, mas acreditamos que iniciar o tratamento antes que a perda de memóriaocorra é um passo importante para dar um fim ao Alzheimer", afirma Pierre Tariot, um dos diretores da pesquisa no Instituto Banner do Arizona.

La bobera

Na sexta-feira, 25 de novembro passado, o conselho municipal de Angostura ouviu chocado as explicações do doutor Lopera sobre como la bobera - o nome popular da doença - se espalhou na região. "Perdi a minha mãe há dez anos. E tenho 3 irmãs prostradas, duas em fase terminal", contou o conselheiro Carlos Baltazar. "As pessoas diziam que elas tinham puxado a mamãe e ficaram bobas também. É a herança. Mas tive sorte. Acho que escapei porque já cheguei aos 60 anos." Como ele, quase todos os 11 representantes (no Brasil, seriam vereadores) têm um parente ou conhecem alguém que esqueceu a própria história e, nos estágios mais avançados da doença, não consegue nem se alimentar sozinho.

Por muito tempo acreditou-se que la bobera era contagiosa. Diz a lenda que um padre proibiu a população de encostar em uma árvore maldita (não se sabe exatamente por quê). Os primeiros doentes teriam sido aqueles que ousaram desobedecer à ordem. Quem tocasse nas feridas ou fizesse sexo com um enfermo também ficaria bobo. Até 3 décadas atrás, era assim que, de agricultores a vereadores, todos entendiam a epidemia. Isso começou a mudar quando Lopera e sua equipe identificaram a mutação paisa ("camponês") nos genes dos pacientes da região. Ao notarem a grande ocorrência de pessoas doentes em Angostura e nas cidades vizinhas, cruzaram certidões de nascimento e óbito e reconstruíram os galhos da suposta maldição.

Naquele 1o encontro com uma autoridade municipal desde o início das pesquisas, os médicos da Universidade de Antióquia ouviram apelos para que revelassem os sobrenomes dos afetados. Responderam com uma negativa e a explicação de que esse tipo de dado não poderia ser revelado em público, para preservar os interessados. Muitos dos pacientes são conhecidos somente por um código, de forma a proteger a informação. É de se imaginar o impacto que a notícia pode ter a quem carrega a mutação. Na prática, vale como uma sentença de morte - ser portador da paisa é garantia de desenvolver a doença.

Oferecer seus cidadãos como cobaias do programa (não se sabe com certeza dos eventuais danos que o tratamento antecipado pode trazer ao organismo) não é tarefa fácil, mas é certo que Angostura não tem nada a perder. Ter a mutação leva a pessoa a apresentar a doença provavelmente entre 30 e 40 anos. Idosos com uma espécie de predisposição genética (entre algumas já identificadas, que favorecem o aparecimento do mal mas não garantem que ele ocorra) nos EUA também participarão da experiência. Antioquienses e americanos receberão drogas para tentar impedir a formação de placas beta-amiloides no cérebro, uma das principais características do Alzheimer. Há 389 grupos genéticos no mundo que apresentam a mesma forma da doença do clã colombiano - quem tem esse tipo precoce e hereditário representa 1% do total de vítimas da doença.

À meia luz, mirando seu PowerPoint na única parede que não estava tomada por imagens do padre Marianito e estantes velhas no pequeno salão, Lopera explicou aos conselheiros que o difícil acesso à região, os hábitos rurais herdados da ascendência basca e uma sucessão de casamentos consanguíneos levaram à imagem projetada: uma árvore genealógica de 3 séculos e sucessivas gerações cada vez mais atingidas pela mesma alteração no cromossomo 14.

Outro médico da equipe, Andrés Villegas, destacou na reunião o alto custo do tratamento dos doentes e sugeriu opções para que o município os atenda. "Uma caixa de medicamento custa 300 mil pesos por mês (cerca de 150 dólares), dali a pouco são duas caixas. É mais econômico investir em prevenção." O impacto sobre as famílias, em geral de baixa renda, é brutal. Não há rede hospitalar adequada e muitas recorrem à solidariedade para dar conta de seus parentes. Com alguma frequência, o sistema de saúde nacional obriga os colombianos a ir à Justiça para pagar itens como fraldas geriátricas.

Vítimas também da guerrilha
Angostura e todas as cidades da região ainda têm outro problema que encarece e dificulta muito o atendimento dos atuais e futuros doentes. É intensa a movimentação de guerrilheiros das Farc e paramilitares naquele pedaço estratégico dos Andes, que dá acesso ao mar e é rota do narcotráfico. Até recentemente, assassinatos e massacres ali eram comuns. A viagem da SUPER a Angostura e Yarumal foi atrasada em vários dias porque as estradas ficaram interrompidas após outro dos recorrentes ataques em que veículos são incendiados e suas carcaças transformadas numa espécie de campo minado para dificultar a ação da polícia. Uma enfermeira da universidade já foi sequestrada e os achaques a integrantes do grupo de pesquisa fazem parte da rotina em todas as cidades vizinhas. Certa vez, os médicos foram autorizados a passar desde que vissem a mãe de um guerrilheiro com sintomas da doença.

Numa das últimas casas da ladeira que dá na praça principal de Angostura mora Alba. Ela cuidou de sua mãe até o dia em que Líbia morreu de Alzheimer - seu cérebro foi um dos examinados na última década. Agora, aos 57 anos, é Alba quem depende inteiramente de cuidados. A psicóloga Lucía Madrigal faz visitas periódicas a ela e a outras famílias. Nascida na cidade, cresceu entre seus futuros pacientes. Escapou da mutação, mas sabe muito bem o que significa conviver com ela: "Para quem cuida dos enfermos não existe um projeto de vida. Uma pessoa que tomou conta de sua mãe tanto tempo chega aos 50 anos de mãos vazias". A Universidade de Antióquia tenta convencer a prefeitura a adequar uma casa para atender os doentes quando não há quem faça isso e mantém uma fundação para socorrer os doentes de Alzheimer e outras demências. Em Yarumal, a 40 minutos dali, Maria Elsy, de 61 anos, apresentou os primeiros sintomas aos 48. Não sai da cama e só se alimenta usando uma sonda nasogástrica. "Agora ela está muito bem. Acontece que é muito mimada. `Não é verdade que você é uma bebê mimada?¿", diz Vitória para a irmã de olhar perdido. Vitória e sua mãe, Laura, de 82 anos, cuidam de mais 2 irmãos com la bobera. Um 4o vive em Medellín. "Maria Elsy andou desanimada, mas agora está melhor." Entre as novas gerações de sua família, todos temem o futuro e já há quem se recuse a ter filhos.

Tratar o doente exige dedicação e recursos, e não só na Colômbia. Nos EUA, calcula-se em mais de 17 bilhões as horas não pagas de quem cuida de um familiar, equivalentes a 219 bilhões de dólares. Há cerca de 35 milhões de pessoas com o mal no planeta ( a grande maioria tem mais de 65 anos). No Brasil, são aproximadamente 1 milhão. Somados os gastos dos sistemas de saúde, a conta do Alzheimer bate 1% do PIB mundial (mais de 600 bilhões de dólares em 2010). Não surpreende que a indústria farmacêutica invista na área. Uma droga eficaz soa como uma mina de ouro. A experiência em Antióquia, que ainda está definindo seus patrocinadores (mas já testou 2,4 mil cidadãos para a mutação paisa, e fez outros exames) vai custar pelo menos 50 milhões de dólares e durar 5 anos.

O Alzheimer vai consumir cada vez mais esforços e vidas. A perspectiva de envelhecimento da população pode levar o total de vítimas a quase quadruplicar até 2050. É difícil distinguir seus sintomas do processo natural de envelhecimento do cérebro. E pior: ainda não se sabe exatamente o que causa a doença. As pesquisas atuais também investem em técnicas de imagem e na identificação de marcadores, determinados danos ao cérebro que possam servir de alerta antecipado tanto quanto possível para o início do mal (e de como ele evolui). Os antioquienses são preciosos para a compreensão desses mecanismos porque já se sabe que cairão doentes. Serão medicados 15 anos antes do surgimento esperado dos sintomas. "É um estudo de grande importância", afirma Sonia Brucki, da Academia Brasileira de Neurologia. Peter J. Whitehouse, neurologista da Universidade Case Western Reserve, porém, é mais cético. "Não está claro se os remédios que funcionarem para os voluntários vão servir para o Alzheimer tardio ou se as drogas serão eficientes se ministradas mais cedo."

Ainda que os resultados da pesquisa demorem muito a aparecer, ela já tem consequências. "Aqui em Angostura há quem tenha vergonha de ter um parente com Alzheimer. Isso é a primeira coisa que temos de mudar. Não sabemos quando poderá ser alguém da nossa família", disse o conselheiro Albeiro Agudelo naquela sexta-feira de novembro. A cidade tem muito o que lembrar. Para o próprio bem.

Inimigo desconhecido

Um contingente assustador de pessoas no mundo tem demência e nunca recebeu diagnóstico ou tratamento. Isso pode significar até 90% dos doentes em países menos desenvolvidos e 36 milhões de pessoas no total. Para a Associação Mundial de Alzheimer, este é hoje o maior desafio a ser enfrentado. Para quem tem Alzheimer, a demência mais comum, faz toda a diferença. Após os primeiros sintomas, a sobrevida média é de 8 a 14 anos. A degeneração do cérebro é progressiva e irreverssível. E ninguém até hoje foi capaz de explicá-la. Apesar de tanta ignorância, o que se sabe é mal aproveitado na prática clínica, sustenta o neurologista Cicero Galli Coimbra, professor da Unifesp. "Numa das pesquisas mais longas da história da medicina, George Vaillant, na Universidade de Harvard, demonstrou que o estilo de vida, o estresse e a depressão aumentam muito a chance de a pessoa desenvolver Alzheimer", afirma Coimbra. Tudo isso interfere na formação de novos neurônios, diz, antes de defender o foco na prevenção. "A abordagem generalizada é na busca de uma droga salvadora. Já sabemos que a vitamina D controla 229 funções das células cerebrais, mas poucos médicos dão atenção a isso: na cidade de São Paulo, no inverno, 77% da população apresenta déficit de vitamina D."

Para saber mais

The Myth of Alzheimers


Peter J. Whitehouse, St. Martin¿s Press, 2008


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Sabemos que a idade avançada é um dos principais fatores de risco para o mal de Alzheimer, mas pelo que a matéria mostra, parece que há muito mais a se descobrir sobre a predisposição para a doença. A pesquisa com a população da cidade colombiana, que foi "amaldiçoada" com uma grande incidência de uma variação pior da doença (de início precoce), pode ajudar a identificar o peso da genética na manifestação dos sintomas e, na melhor das hipóteses, ajudar a descobrir uma cura, como sugere o subtítulo da matéria.

Eu também fiquei imaginando as questões éticas que envolvem um tipo de pesquisa dessas. Não revelar os sobrenomes dos portadores dos genes é só uma das questões. Os comitês de ética devem ter um grande trabalho, mas em se tratando de uma pesquisa de 50 milhões de dólares, tudo deve se resolver.

Tarcísio Rocha Ribeiro

sexta-feira, 29 de junho de 2012


A Mulher Madura



Affonso Romano de Sant'Anna

 
Anouk AiméeO rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos.

De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de uma joalheria. A mulher madura, com seu rosto denso esculpido como o de uma atriz grega, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimé.

Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.

A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.

A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.

A adolescente, com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.

A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.

O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.

Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e sobre os casebres e corpos tudo se reveste de uma marrom tristeza.

Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.

Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.

A mulher madura está pronta para algo definitivo. 

Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo.

A mulher madura é um ser luminoso é repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.

Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.


O texto acima foi extraído do livro "A Mulher Madura",
Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1986, pág. 09.





“Everywhere I go I find a poet has been there before me.”
Sigmund Freud


       A poesia é um filtro da beleza que se oculta na realidade. Ao descrever o desenvolvimento da mulher madura de forma tão apropriada Affonso Romano de Sant'anna descortina o espaço que a psicologia pode atuar no intuito de favorecer a manifestação desta beleza, quando o poeta nos diz:   "Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador." Parece revelar um caminho que se utiliza de uma redução da velocidade para que se possa perceber ante ao "olho interior" a graça dos gestos, a harmonia dos silêncios, e o poder da maturidade emocional que se formou ao longo das crises anteriores.  


José Ikeda


       
       

      




 

segunda-feira, 18 de junho de 2012


Pesquisa indica que idosos tendem a ser mais satisfeitos com a vida
Vida longa promove experiências que criam maior tolerância aos desafios


 Satisfação dos idosos pode estar ligada a mais tempo e livre e menos pressões

 Ativo e saudável, sem muito tempo para remoer problemas. Esse é o perfil do novo idoso, como aponta um estudo realizado por pesquisadores das universidades de Wurzburg, na Alemanha, e de Luxemburgo. Depois de comparar a perspectiva de vida de jovens e idosos, os especialistas concluíram que, atualmente, os mais velhos apresentam mais satisfação com a vida e têm menos chances de sofrer depressão.

— Até algumas décadas atrás, o envelhecimento era considerado sombrio, um tempo de declínio na vida. Era descrito apenas como a época em que os amigos ficam doentes e morrem, em que a pessoa tem movimentos limitados, mais problemas de saúde e um tempo de vida relativamente curto — descreve Stefan Sütterlin, um dos autores da pesquisa, publicada recentemente no Journal of Aging Research.

Sütterlin diz que essa realidade ficou para trás. Para chegar a essa conclusão, ele e seus colegas analisaram um grupo de 300 pessoas (118 mulheres e 182 homens) entre 15 e 87 anos. Por meio de questionários, eles mediram com que frequência os participantes tinham pensamentos negativos, focando principalmente a reflexão ponderada e a preocupação cultivada — essa última sendo a chave para prever sintomas de depressão.

A análise dos dados mostrou que os participantes jovens são muito mais propensos a desenvolver depressão, muito provavelmente devido a pensamentos negativos e a algo que os psicólogos chamam de ruminação, forma de responder às angústias da vida em que a pessoa geralmente pensa que "nada vai dar certo".

Segundo o pesquisador, os jovens podem mostrar satisfação com a vida também: a questão é que eles se sentem depressivos ou alegres com mais frequência e maior intensidade. Os mais velhos mostram, em geral, que sabem se controlar emocionalmente quando estão vivendo alguma dificuldade, e se recuperam mais rápido de algum problema.

Pesquisa em Porto Alegre revela mesma tendência

A segunda edição do levantamento que calcula o Índice de Bem-Estar (IBE) Unimed, uma espécie de termômetro do nível de contentamento da população, também revelou que a felicidade se encontra além dos 60 anos. Os resultados, divulgados em novembro do ano passado, atestam que os entrevistados com mais de 60 anos atingem as maiores médias de bem-estar em nove das 12 dimensões avaliadas, em comparação com as demais quatro faixas etárias pesquisadas.


 Segundo uma das pesquisadoras, o resultado pode ser atribuído ao tempo livre e à ausência da pressão do dia a dia, mais presente em outras fases da vida por conta de obrigações profissionais ou relacionamentos.
— Mas também pode indicar que os idosos são mais tolerantes e se contentam mais facilmente com o que têm — avalia Teniza da Silveira.

Para a gerontologista Gislane Ferreira de Melo, os tempos atuais propiciam um maior bem-estar aos idosos, principalmente pelo fácil acesso às atividades voltadas para eles.

— Muitos avôs e avós tiveram uma infância mais difícil. Antigamente, não havia projetos para idosos. Esse cenário não contribuía para uma maior satisfação com a vida. Hoje, eles estão no computador, nas redes sociais e são acolhidos pela comunidade onde vivem — analisa.

       Achei a notícia muito interessante, pois notamos como a qualidade de vida na velhice é um tema que vem ganhando relevância nos últimos anos. Com o aumento geral da sobrevida da população, é importante para nós, profissionais da psicologia, aprender e se especializar cada vez mais sobre temas específicos da chamada terceira idade. Um suporte psicológico de qualidade pode garantir aos idosos não apenas maior longevidade, mas qualidade de vida, bem-estar subjetivo e satisfação pessoal.

Lucas Klering Juchem

fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/bem-estar/noticia/2011/11/pesquisa-mostra-que-terceira-idade-e-a-mais-feliz-3553208.htm

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Filho é para quem pode!


Será que gerar uma criança é amar alguém além de nós mesmos ou o desejo de maternidade ultimamente tem sido pra projetar no filho as frustrações da mãe e do pai, mais como uma maneira não de corrigir os próprios erros, mas punindo a criança a ponto de tal não cometer os mesmos? Na minha opinião, se amor incondicional é a razão pela qual as pessoas tem filhos hoje em dia, não haveria distinção entre a adoção e a gestação de uma criança. Como é "emprestado", como disse Saramago que "filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos", a diferença entre ambos é a vontade de ver na criança uma espécie de "mini-eu", algo como alimento pro próprio ego ou um depósito de amor incondicional. 
Giovanna Cauduro

sexta-feira, 18 de maio de 2012

http://www.youtube.com/watch?v=uF8u65YPMz8

O pensamento do Jovem Adulto sobre o que é morar sozinho.

Eduarda Vilanova

O desenvolvimento da lógica da criança à lógica do adolescente, ou seja, maior autonomia e rigor de raciocínio, teoricamente inicia entre os 11-12 anos e se consolida aos 14-15 para jovens com acesso aos níveis normais de escolarização. Com relação a características estruturais, emergem novas estruturas lógicas ainda mais elaboradas.
Características funcionais do pensamento formal:
1)      ESQUEMAS OPERACIONAIS FORMAIS
2)      CARÁTER HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
3)      CARÁTER PROPOSICIONAL
4)      RELAÇÃO ENTRE O REAL E O POSSÍVEL
5)      CAPACIDADE DE ANÁLISE COMBINATÓRIA
Porém estudos pós-piagetianos mostram limitações do pensamento Operatório Formal:
1)      Necessidade de acesso à escolarização formal
2)      Não é facilmente adquirido e nem de forma homogênea
3)      Conteúdo da tarefa interfere na sua resolução
4)      Alguns indivíduos nunca o atingem
5)      Não é o apogeu o desenvolvimento intelectual (pensamento pós formal)         
6)      Aceitação de contradições, sistemas mais abertos e pensamentos que incluem aspectos sociais e pragmáticos
Portanto, se Calvin pretende ser “bem-sucedido” ele não deve abandonar a escola!!!

         
                                                                                                       Kamilla I. Torquato
http://ecodiario.eleconomista.es/espana/noticias/3956792/05/12/el-20-de-los-menores-espanoles-requiere-algun-tipo-de-atencion-psiquiatrica.html#

 El 20% de los niños y adolescentes menores de 18 años requiere algún tipo de consulta psiquiátrica y España sigue siendo "el único" país de la Unión Europea donde la especialidad de Psiquiatría Infantil todavía no ha sido reconocida", ha afirmado este jueves en rueda de prensa la jefa del Servicio de Psiquiatría y Psicología Infantil y Juvenil del Hospital Clínic de Barcelona, Josefina Castro.
BARCELONA, 10 (EUROPA PRESS)
"La salud mental de los niños es fundamental para evitar secuelas en el futuro", ha añadido Castro, ya que la mayoría de adultos con trastornos empezaron a tenerlos antes de los 20 años.
La depresión empieza sobre todo en la pubertad y, si no se capta con tiempo, el afectado puede encontrarse "en alto riesgo de intento de suicidio, uso de drogas o problemas en el trabajo o el colegio", ha explicado el reconocido psiquiatra norteamericano Boris Birmaher.
Birmaher ha afirmado que el 2% de los preadolescentes sufre por depresión, que la cifra aumenta en un 10% durante la adolescencia, y que afecta más a las niñas que a los niños.
Según el jefe de la Sección de Psiquiatría del Hospital Sant Joan de Déu, José Ángel Alda, el consumo de cannabis "va aparejado a un peor pronóstico" y supone un factor desencadenante para el desarrollo de psicosis y, menos frecuentemente, esquizofrenia.
MÁS SUICIDIOS
Desde los años 40 se ha producido un aumento en la frecuencia de suicidio, situándose en uno o dos entre 100.000, según Birmaher, y algunas de las principales causas pueden ser "el aumento del estrés, el uso de las drogas, los conflictos familiares y los problemas económicos y escolares".
Ha añadido que también influye, en cierta medida, el hecho de que los medios de comunicación magnifiquen y "glorifiquen a los niños que se suicidan, porque si un niño depresivo ve que ese es el camino para salir en la prensa y hacerse famoso, podría recurrir a ello".
Por otro lado, Alda ha destacado que el Trastorno por Déficit de Atención con Hiperactividad (TDAH) es uno de los más frecuentes entre los niños, y ha asegurado que más del 50% de los padres de estos niños tienen depresión o ansiedad, y el 25% padece el mismo trastorno.
Pero todavía "es un tabú para los padres reconocer que su hijo tiene algún trastorno mental", a veces no quieren aceptarlo y para ello se necesitaría la colaboración del pediatra, ha asegurado Castro.
Birmaher ha recalcado que es normal deprimirse de vez en cuando, pero que si un padre detecta que su hijo está persistentemente triste o irritable, que aumenta o disminuye su apetito, o se aísla, entonces pueden pedir ayuda.
Algunos de los tratamientos utilizados en psicoterapia para prevenir el suicidio son la terapia interpersonal y la terapia cognitiva conductual, donde se entrena al niño de manera que, "utilizando la mente, pueda controlar sus emociones", ha señalado Birmaher.
En España, la formación de la mayoría de profesionales en psicología infantil es buena "porque se espabilan en tenerla viajando al extranjero", ha resaltado Castro, pero otros no lo están tanto.

Por Pedro Cendron

Pensando diferente



É na adolescência que começa a surgir um novo tipo de pensamento, o pensamento formal. Diferentemente do pensamento infantil, o pensamento formal possibilita que os adolescentes possam montar esquemas operacionais, organizando de uma nova forma seus pensamentos e obtendo a capacidade de tirar conclusões antecipas de situações sem se deparar com elas. Torna-se possível também nessa fase formular pensamentos de caráter hipotético-dedutivo, ou seja, formular hipóteses, submetê-las a confirmação e enxergar suas consequências mentalmente. Surge uma relação mais conveniente entre o real e o possível, pois as hipóteses imaginárias como a vontade de "deixar tudo pra trás e descobrir o planeta" são idealizadas, mas depois disso volta-se a realidade e percebe-se que esses sonhos não irão necessariamente se concretizar.
Juntam-se o crescimento corporal, as mudanças de pensamento, a vontade de desafiar o mundo e a busca de uma identidade em uma mistura fascinante que resulta num período mágico chamado adolescência!


Postado por: Vanessa Folz Brum

Ela adora ler.


Esta é a capa de uma típica revista para as adolescentes. As matérias em destaque trazem um resumo das questões que preocupam as mocinhas, como são chamadas após a menarca.
A foto sempre traz um artista famoso ou banda que está na modinha vigente no período. Aquele ídolo com quem ela se identifica ou por quem alimenta aquela paixão platônica. A matéria relacionada à foto, geralmente é uma entrevista que promete trazer mais informações sobre a intimidade do ídolo, o que é um grande atrativo para as adolescentes, já que o que mais querem é se aproximar desses indivíduos tão especiais e presentes em suas vidas.
As dúvidas quanto aos relacionamentos são abordadas em forma de manual, são dicas sobre como se comportar em situações diferentes, visando melhorar as probabilidades de que o par que as interessa tenha reciprocidade. Nessa fase da vida, uma das novidades mais angustiantes e prazerosas é o início dessa experimentação, do apego aos pares ao invés dos pais. As senhoritas têm certa insegurança, já que não possuem experiência, então é compreensível que seja muito interessante ler e tentar se aplicar na teoria, antes de colocar o aprendizado em prática.
Outra grande preocupação das adolescentes é a sua aparência, o que tem muita ênfase nas matérias em destaque. Elas acabaram de passar por grandes transformações em seu corpo e estão tentando se adaptar a essas mudanças. Todas essas promessas sobre como ficar mais bonita, mudar o cabelo, aprenderem a se maquiar e copiar o look de uma atriz famosa, são atrativos para elas devido a sua vontade de serem lindas e diferentes. Elas acreditam que são especiais e únicas, mas tentam de todas as formas se encaixarem em um grupo. Sentimento conflitante esse...
A matéria que se relaciona com a “Vida Real” traz informações sobre as situações comuns na adolescência e que tem muitas chances de causarem danos na saúde das adolescentes, como bullying, uso de drogas ou doenças sexualmente transmissíveis.
Outros tópicos abordados nesse tipo de revista são intercâmbios, relacionamentos com os amigos, festa de 15 anos e intercâmbios. Todos são tópicos relacionados aos interesses das senhoritas.
É interessante pensar que essas revistas discutem assuntos que as angustiam, além de trazerem o consolo de que não são as únicas a se sentirem dessa forma. Elas servem como distração e também trazem informações válidas para a vida no novo mundo da adolescência. (Gabriela Brito Pires)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Não importa o quanto a gente cresça....





Essa propaganda de Natal do supermercado Zaffari,demonstra, claramente, a fase pela qual todos passamos, intitulada, por Arnett (2000): "Emerging Adulthood" (Adultez Emergente). 

É nessa fase que os jovens se questionam sobre "o que eles são", pois não são mais adolescentes, mas também não são adultos. Nesse período há um foco sobre si mesmo, há poucas obrigações e deveres sociais, pouco compromisso com os outro e uma grande autonomia no gerenciamento da própria vida. No comercial, o jovem viaja para o exterior para trabalhar e ter uma nova experiência de vida, que irá somar muito ao seu desenvolvimento e ao seu futuro. Mesmo que para isso tenha tido que deixar a sua família no Brasil e seguir seu caminho.

Também durante essa transição entre a adolescência e a fase adulta, observamos as questões de identidade e busca de alternativas gerando ansiedades e frustrações. No exemplo utilizado visualizamos isso na vontade do filho de visitar a família no Natal, mas não podendo por causa do emprego e de suas escolhas pessoais. 

Quando ele ganha uma passagem aérea para a viagem em questão, é notável a sua satisfação em estar novamente com a família. Podendo aproveitar o que os pais têm de bom, mesmo estando em uma fase de rompimento dos laços com os mesmo. Dessa forma, é nítido que essa ruptura não está completa e que a tendência é que ela seja finalizada na fase seguinte do seu desenvolvimento.

Com essa breve explicação teórica, concluo que não importa o quanto a gente cresça, seja independente, constitua a nossa própria família, a nossa origem será sempre marcante e desejaremos tê-la o mais perto possível. Ainda que, por vezes, distante fisicamente, poder contar com aquelas pessoas que irão estar de braços abertos para nos acolher, para no receber e nos cuidar, como se ainda fossemos as mesmas crianças indefesas, será sempre a maior segurança que teremos. Eles, os pais, serão sempre o nosso porto seguro.  De preferência, eternamente.

(Roberta Gomes)

Envelhecendo em 40 segundos.


Esse vídeo tem tudo a ver com os assuntos tratados na disciplina de Desenvolvimento, tanto a I como a II. Passando por todas as idades estudadas, o vídeo mostra também o medo que persiste em nos acompanhar durante a vida toda: a de não conseguir encontrar e/ou manter nossa identidade, nossos ideais, nossas crenças e virtudes. Se seremos bem sucedidos, se teremos uma vida devidamente aproveitada... E, apesar de todos medos, arrependimentos, receios e problemas de cada fase da vida, o que todos queremos é poder construir a vida de forma que, quando olharmos para nosso passado, possamos nos orgulhar de tudo o que fizemos, aprendemos, passamos e vivemos. Esse vídeo é ótimo para refletir! (Amanda Schneider)

Família com Duas Mães



Clicando no link abaixo você se deparará com um tipo de família que é ao mesmo tempo diferente e igual a todas as outras!



No trecho do programa Novas Família do canal Gnt aparece um novo tipo de família que é caracterizada por ter duas mães e as crianças. É interessante o relato de que mesmo sendo duas mães uma acaba fazendo um “papel mais masculino” e a outra, que foi quem gerou, assume o “papel feminino”. Os pais normalmente passam menos tempo cuidando dos filhos em relação ao tempo em que as mães tomam conta, embora sempre haja exceções, é assim na maioria dos casos. Foi em relação ao tempo de cuidado e não à qualidade que a mãe comentou esse “papel masculino” da sua companheira. É provável que o fato dos bebês terem sido amamentados pelas duas mães tenha possibilitado um maior estabelecimento de vínculo afetivo tanto por parte da mãe que não gerou os bebês quanto por parte da sua família (sua mãe, seu pai e irmão) que se apegaram muito às crianças e demonstram isso no vídeo. Mas mesmo assim o papel de mãe é majoritariamente feito por quem os gerou.
As crianças foram geradas a partir de inseminação artificial. As mães procuraram escolher um pai que fosse mais artístico, pois assim se pareceria com elas, “alguém que pudesse ser nosso amigo”, ou seja, que frequentasse o mesmo meio, realizasse atividades semelhantes às das mães.
A questão do preconceito não é comentada no programa, mas é provável que ele ocorra por esse ser um novo tipo de família que tem como base um relacionamento homoafetivo.  Algumas situações são trazidas de pessoas que as encontram e fazem algumas perguntas mais invasivas, mas as mães parecem lidar bem com a situação conseguindo viver bem apesar do possível preconceito que sofrem. No geral essa parece ser uma família igual a qualquer uma, a única diferença é mesmo a presença de duas mulheres ao invés de um pai e uma mãe.
Achei interessante a matéria, pois é importante que tenhamos, não só como profissionais,  a experiência com os diversos tipos de famílias que existem e que ainda vão existir, para que possamos entender as questões de funcionamento dessas famílias e ver que na verdade esse funcionamento é bem semelhante ao modelo mais tradicional, o que mais estudamos em aula.


                                                           Helena Grassi

Primeiro Emprego!

Ninguém esquece o primeiro emprego. É um dos momentos mais importantes da vida de qualquer jovem.



               


         Já dizia o velho ditado “Se quer cuidar da minha vida, pague minhas contas”.
            É exatamente por esse motivo que alguns jovens procuram por emprego, há pessoas que ainda acreditam que só se é possível adentrar no mundo adulto depois de começar a atuar no mundo do trabalho.
            Esse momento de decidir o que começar a fazer da vida pode ser de extrema excitação e alegria como pode trazer alguma frustração. É hora de deixar os sonhos de ser jogador de futebol ou uma super top model internacional para trás e começar a enfrentar a realidade. Essa não é uma tarefa fácil.
Os jovens começam a ver “na marra” que o “mundo adulto” não é tão colorido e cheio de liberdade como alguns esperavam que fosse. Mas nem tudo são espinhos, há um certo prazer em ganhar o próprio dinheiro, a liberdade e independência dos pais fica levemente mais próxima e a cobrança em casa para que o jovem cresça e seja “alguém na vida” diminui.
             Ninguém esquece o primeiro emprego. É um dos momentos mais importantes da vida de qualquer jovem, além do grande aprendizado que ele traz.
            Ninguém começa sendo chefe, ninguém inicia no primeiro emprego mandando nos outros, pelo contrário, se é mandado, e as vezes, por mais de um chefe e se é cobrado pelo trabalho que está sendo pago para fazer. Para alguns, esse primeiro contato para o mundo do trabalho pode ajudar na escolha da especialização futura, já para outros, se essa experiência for frustrante, pode causar um certo repúdio pela função exercida.
Todos passam pelo primeiro emprego e a maioria percebe com o primeiro salário que, se tornar independentes dos pais não é tão fácil assim e que nem sempre “pagar as próprias contas” vai ser suficiente para que isso aconteça. Todos aprendem valores com ele, erram e acertam, o amam e/ou o odeiam e de alguma forma, essa experiência marca a vida das pessoas, podendo influenciar significativamente em decisões futuras sobre o assunto.

Tatiane Trivilin