Aloha!!!

Aloha - Renato Russo

Será que ninguém vê

O caos em que vivemos?

Os jovens são tão jovens

E fica tudo por isso mesmo

A juventude é rica, a juventude é pobre

A juventude sofre e ninguém parece perceber

Eu tenho um coração

Eu tenho ideais

Eu gosto de cinema

E de coisas naturais

E penso sempre em sexo, oh yeah!

Todo adulto tem inveja, todo adulto tem inveja

Todo adulto tem inveja dos mais jovens

A juventude está sozinha

Não há ninguém para ajudar

A explicar por que é que o mundo

É este desastre que aí está

Eu não sei, eu não sei

Dizem que eu não sei nada

Dizem que eu não tenho opinião

Me compram, me vendem, me estragam

E é tudo mentira, me deixam na mão

Não me deixam fazer nada

E a culpa é sempre minha, oh yeah!

E meus amigos parecem ter medo

De quem fala o que sentiu

De quem pensa diferente

Nos querem todos iguais

Assim é bem mais fácil nos controlar

E mentir, mentir, mentir

E matar, matar, matar

O que eu tenho de melhor: minha esperança

Que se faça o sacrifício

Que cresçam logo as crianças.

     Esta música da Legião Urbana, apesar de ter sido composta há duas décadas, ainda é capaz de traduzir vários dos sentimentos comuns a adolescentes e jovens adultos nos dias de hoje. A confusão de não saber em que categoria se enquadrar, se deve agir como adulto, ou ainda pode ser criança, e como os adultos reforçam essa confusão com sua ambiguidade. 

     Há toda uma abordagem de como muitas vezes, justamente por sua complexidade, o adolescente é tratado como um mero objeto, um ser sem sentimentos ou de fácil manipulação, fato extremamente aproveitado pela mídia e pela publicidade. Suas opiniões são descartadas, seus desejos reprimidos, e mesmo assim são tratados como o futuro da nação.

     Ser adolescente já é tão difícil, são tantas mudanças, físicas e mentais, idéias novas, sonhos e projetos novos, sem a compreensão e auxílio dos adultos se torna insuportável. O sacrifício mencionado, de crescer logo as crianças, é um prelúdio do que os espera, e da dificuldade que enfrentarão. Cabe a nós, adultos, tornar este sacrifício menos árduo. É necessário, também, que a Psicologia exerça um grande papel para promover uma melhor visão e aproveitamento desta época tão fascinante e importante. Psicólogos devem auxiliar para que o crescimento seja uma dádiva, e não um sofrimento.

Daiani B. Machado Padilha