domingo, 23 de junho de 2013

Estereótipos do envelhecimento

 tirinha 1

x

tirinha 2


             No dia-a-dia – como nas tirinhas acima – percebemos a existência de estereótipos sobre os idosos e o envelhecimento. Como estudado na disciplina de Psicologia Social I o estereótipo consiste em um núcleo cognitivo, ou seja, uma “heurística” social compartilhada sobre os atributos que caracterizam um grupo social – ex.: velhice caracterizada pela surdez (tirinha 1). Há uma generalização de características que podem ou não serem negativas. Porém, infelizmente, os estereótipos do envelhecimento são predominantemente negativos e associados à doença, solidão e dependência, como: “de que as pessoas mais velhas geralmente estão cansadas, que têm pouca coordenação motora e que são propensas a infecções e acidentes; que a maioria delas vive internada; que estão isoladas dos outros; que não usam seu tempo de maneira produtiva; que são rabugentas, autocomiserativas e excêntricas” (pp. 663, Papalia, Olds & Feldman, 2006). Portanto, ignora-se a rica heterogeneidade do processo de envelhecer e sua dinâmica de perdas e ganhos. Existe um paradigma entre essa difusão das imagens negativas da velhice e do rumo da nossa sociedade, que se encaminha majoritariamente para o envelhecimento de sua população.  Entretanto, nossa cultura continua supervalorizando símbolos da juventude e da produtividade e condenando o aparecimento das rugas e dos cabelos brancos. Esse pensamento exerce grande influência nas relações interpessoais, intergeracionais e nas atitudes, cuidados e serviços que prestamos às pessoas mais velhas.
            Um estudo realizado em Portugal por Vicente e Afonso (2012) (Artigo: Imagens do idoso e do envelhecimento em estudantes universitários) com 231 estudantes universitários sobre a percepção do processo de envelhecer teve por objetivo avaliar essa percepção e se há diferenças entre gêneros e cursos de graduação. Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico e a Escala ImAges – criada por Sousa, Cerqueira e Galante (2008; como citado em Vicente & Afonso, 2012). Esta escala tem por objetivo caracterizar as imagens sociais da velhice e do envelhecimento sobre os seguintes aspectos: Dependência, tristeza e antiquado; Incompetência relacional e cognitiva; Maturidade, atividade e afetividade; Inutilidade. Os resultados apontam a grande maioria dos estudantes associando ao idoso e ao envelhecimento a dependência, a tristeza, a solidão, a incompetência e a doença (todos estereótipos negativos). Sendo o gênero masculino, quando comparado ao gênero feminino, o que mais atribuiu imagens negativas associadas à velhice. Quanto ao curso de graduação, encontrou-se que os estudantes que tiveram conteúdos sobre o envelhecimento durante sua formação foram os que atribuíram mais imagens positivas aos idosos, associadas a “Maturidade, Atividade e Afetividade”, possuindo menos estereótipos negativos acerca do envelhecimento.
            Acredito que este último resultado é de extrema importância ao passo que podemos desconstruir essa imagem puramente negativa da velhice e os preconceitos à ela associados ao inserirmos essa temática em escolas e universidades. Promovendo, assim, uma maior inclusão social dos idosos, maior qualidade nas interações entre gerações e ainda nas interações entres esses possíveis profissionais que prestarão serviços e cuidados a essa faixa etária. Todos esses fatores contribuem pra ao aumento da cidadania, respeito mútuo, coesão social, transmissão e aquisição de conhecimentos.

Kimberly Kauana Ecker

Referências: 
Papalia, D. E., Olds, S. W., & Feldman, R. D. (2006). Desenvolvimento humano (8ª ed.). Porto Alegre:              Artmed
Vicente, F. P., & Afonso, R. M. L. B. M. (2012). Imagens do idoso e do envelhecimento em estudantes universitários. International Journal of Developmental and Educational Psychology, Revista de Psicología, 2, 87-94.



Nenhum comentário:

Postar um comentário