tirinha 1
x
tirinha 2
No
dia-a-dia – como nas tirinhas acima – percebemos a existência de estereótipos sobre
os idosos e o envelhecimento. Como estudado na disciplina de Psicologia Social
I o estereótipo consiste em um núcleo cognitivo, ou seja, uma “heurística”
social compartilhada sobre os atributos que caracterizam um grupo social – ex.: velhice caracterizada pela surdez (tirinha 1). Há uma generalização de
características que podem ou não serem negativas. Porém, infelizmente, os
estereótipos do envelhecimento são predominantemente negativos e associados à
doença, solidão e dependência, como: “de que as pessoas mais velhas geralmente
estão cansadas, que têm pouca coordenação motora e que são propensas a
infecções e acidentes; que a maioria delas vive internada; que estão isoladas
dos outros; que não usam seu tempo de maneira produtiva; que são rabugentas,
autocomiserativas e excêntricas” (pp. 663, Papalia, Olds & Feldman, 2006). Portanto,
ignora-se a rica heterogeneidade do processo de envelhecer e sua dinâmica de
perdas e ganhos. Existe um paradigma entre essa difusão das imagens negativas
da velhice e do rumo da nossa sociedade, que se encaminha majoritariamente para
o envelhecimento de sua população.
Entretanto, nossa cultura continua supervalorizando símbolos da
juventude e da produtividade e condenando o aparecimento das rugas e dos cabelos
brancos. Esse pensamento exerce grande influência nas relações interpessoais,
intergeracionais e nas atitudes, cuidados e serviços que prestamos às pessoas
mais velhas.
Um estudo realizado em Portugal por Vicente
e Afonso (2012) (Artigo: Imagens do idoso e do envelhecimento em estudantes universitários) com 231 estudantes universitários sobre a percepção do processo
de envelhecer teve por objetivo avaliar essa percepção e se há diferenças entre
gêneros e cursos de graduação. Os instrumentos utilizados foram um questionário
sociodemográfico e a Escala ImAges – criada por Sousa, Cerqueira e Galante (2008;
como citado em Vicente & Afonso, 2012). Esta escala tem por objetivo caracterizar
as imagens sociais da velhice e do envelhecimento sobre os seguintes aspectos: Dependência,
tristeza e antiquado; Incompetência relacional e cognitiva; Maturidade,
atividade e afetividade; Inutilidade. Os resultados apontam a grande maioria dos
estudantes associando ao idoso e ao envelhecimento a dependência, a tristeza, a
solidão, a incompetência e a doença (todos estereótipos negativos). Sendo o gênero
masculino, quando comparado ao gênero feminino, o que mais atribuiu imagens
negativas associadas à velhice. Quanto ao curso de graduação, encontrou-se que
os estudantes que tiveram conteúdos sobre o envelhecimento durante sua formação
foram os que atribuíram mais imagens positivas aos idosos, associadas a “Maturidade,
Atividade e Afetividade”, possuindo menos estereótipos negativos acerca do
envelhecimento.
Acredito que este último resultado é
de extrema importância ao passo que podemos desconstruir essa imagem puramente negativa
da velhice e os preconceitos à ela associados ao inserirmos essa temática em
escolas e universidades. Promovendo, assim, uma maior inclusão social dos idosos,
maior qualidade nas interações entre gerações e ainda nas interações entres
esses possíveis profissionais que prestarão serviços e cuidados a essa faixa
etária. Todos esses fatores contribuem pra ao aumento da cidadania, respeito
mútuo, coesão social, transmissão e aquisição de conhecimentos.
Kimberly Kauana Ecker
Referências:
Papalia, D. E., Olds, S. W., & Feldman, R. D. (2006). Desenvolvimento humano (8ª ed.). Porto Alegre: Artmed
Vicente, F. P., & Afonso, R. M. L. B. M. (2012). Imagens do idoso e do envelhecimento em estudantes universitários. International Journal of Developmental and Educational Psychology, Revista de Psicología, 2, 87-94.
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