quinta-feira, 4 de julho de 2013

9 CLOUD: A TERCEIRA-IDADE VIVENDO UM NOVO AMOR

9 CLOUD: A TERCEIRA-IDADE VIVENDO UM NOVO AMOR

Há um pensamento coletivo na sociedade ocidental de que a velhice deve ser evitada e tudo o que se possa fazer para adiá-la que se faça. Fazendo um link com a psicologia social, esses estereótipos construídos refletem ideias errôneas generalizadas, tais como: que pessoas mais velhas geralmente estão cansadas, têm pouca coordenação e são propensas a infecções e acidentes. Ou então, que a maioria delas vive em instituições para idosos ou passam a maior parte do tempo na cama. Também que não conseguem se lembrar, nem aprender, que estão isoladas dos outros e não usam seu tempo de maneira produtiva. Além disso, julga-se que são rabugentas, autopiedosas, facilmente irritáveis e mal-humoradas. Isso tudo também causa a falsa impressão de que idosos não têm mais  interesse em relacionamentos sexuais. Entretanto, sabemos que nas práticas diárias não é dessa maneira que isso se reflete, apesar de profissionais de saúde ainda relutarem em abordar questões sexuais com uma pessoa de 75 anos.
 Estes estereótipos negativos em torno do envelhecimento podem causar comprometimento na saúde física e psicológica destas pessoas, pode ser que um assistente social veja a depressão em idade avançada como “previsível” e abandone o cliente idoso, ou pode ser que um jovem se recuse a ouvir um mais velho ou o superproteja com cuidados estimulando a infantilização do idoso. Estereótipos positivos não são mais proveitosos do que os negativos, visto que o discurso se cerca da ideia de que esta é uma idade de tranquilidade e de paz, uma fase de colher frutos da vida toda, de aproveitar o tempo como uma segunda infância, ociosamente jogando na mesa de cartas.



Esta realidade percebida e estereotipada vem se transformando, com esforços para combater o preconceito da idade, graças ao aparecimento de um bom e crescente número de idosos ativos e saudáveis, que quebram regras e paradigmas. Como é o caso do filme “9 cloud”, em que uma senhora de uns 70 anos (Inge) casada com um senhor  (Werner), foge das normas sociais. Eles estão juntos há 30 anos, mas Inge ainda é uma mulher apaixonada e sensual e ao prestar serviços para um senhor viúvo (Karl), apaixona-se por ele.  Os dois mantém um caso extraconjugal mostrado na íntegra pelo filme, inclusive cenas fortes de sexo, o que pode chocar os mais jovens, afinal esse tipo de comportamento é esperado  em pessoas mais jovens. Na trama a alegria de um novo amor e a dor da infidelidade é, essencialmente, o mesmo. Para o filme, quando se trata de amor, ser mais velho não é sinônimo de sabedoria e Inge e Werner com esse drama se parecem mais com  crianças vulneráveis ​​do que com idosos conformados. 
Isabella Albuquerque Sperotto

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