sexta-feira, 5 de julho de 2013

Um olhar sobre o desenvolvimento na idade adulta avançada


A Idade adulta avançada constitui um momento da vida que por muito tempo não foi encarado como um estágio do desenvolvimento humano. Partilhando-se da crença de que o indivíduo nasce – cresce - reproduz - morre, é difícil perceber a relevância de tal período de forma a lidar com as questões encontradas.
De acordo com Berger (2003), existem hoje três grandes correntes teóricas que aprofundam o conhecimento sobre este grupo: as Teorias do Self, as Teorias da Estratificação e as Teorias Dinâmicas.
Segundo seus estudos, Berger destacou que as Teorias do Self percebem cada indivíduo com papel ativo no seu desenvolvimento. Uma das formas de se observar isso é por meio da teoria cunhada por Erik Erikson (1986) que percebe ser esse um momento de reflexão para o indivíduo, que pode transitar entre a integridade e a desesperança.  Este marco na vida da pessoa pode orientá-la a desenvolver contentamento pela forma com que levou a vida, além de querer também continuar tendo participação ativa na vida social, por analisar o caminho traçado até então de maneira positiva. Em sentido oposto, o mesmo indivíduo pode chegar à conclusão de que não viveu sua vida de forma plena como gostaria, e percebe que o tempo de vida hoje é muito curto para se voltar atrás. Essa constatação da proximidade da morte o levaria a uma situação de desesperança.

Lígia Pereira.
(http://revistapsi.iesb.br/index.php?view=article&catid=33%3Aensaios&id=106%3Aum-olhar-sobre-o-desenvolvimento-na-idade-adulta-avancada&tmpl=component&print=1&page=&option=com_content)


Com o passar dos anos e a chegada à velhice, é natural que se inicie uma "pesagem" dos acontecimentos e realizações da vida. Neste período o indivíduo tende a analisar suas experiências e classificá-las em satisfatórias ou não, dependendo do seu grau de felicidade com o fato.
Juntamente com esta análise das situações ocorre também a análise de como estas experiências modificaram sua personalidade, modo de agir e pensar etc, e de que forma estas mudanças foram responsáveis pela formação do indivíduo que se é hoje.
Parar para analisar de que forma modificamos e fomos modificados pelas experiências que passamos é processo natural durante a vida inteira, mas apenas com a maturidade é que adquirimos a experiência e o conhecimento para enxergar de forma mais completa as consequências das mudanças. 
Quando jovens, tendemos a ser mais imediatistas e pouco pacientes na hora de avaliar as consequências de nossas atitudes, tentando sempre colocar a responsabilidade das mesmas em outros. Com a maturidade tal artifício não é permitido, pois criamos a consciência de que mesmo quando somos influenciados pelos outros, mantemos certa autonomia na hora de decidir nossas ações. Baumann, em seu "44 cartas do mundo líquido moderno" (texto estudado em Antropologia da Saúde) apresenta casos que comprovam este pensamento. 
Com a maturidade, no entanto, aumenta o nível de responsabilidade por atitudes próprias e também pelos outros, pela forma como suas ações vão afetar quem lhe rodeia - exemplo dado pelas senhoras responsáveis pela criação de um calendário sensual para a arrecadação de verba para um hospital britânico, que ficaram conhecidas como "As Garotas do Calendário".
Apesar da maturidade ser considerada o final de uma jornada, exemplos de idosos que se mantem ativos e saudáveis são a prova de que mesmo após os 60 anos ainda existe muita vida para ser vivida, muitas opções para serem testadas e muitas experiências para serem avaliadas.

Aline Schwalm

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