sexta-feira, 5 de julho de 2013

O preço da eterna juventude na obra O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde


O Retrato de Dorian Gray (do original em inglês, The Picture of Dorian Gray) é o romance mais prestigiado de Oscar Wilde, considerado um dos escritores mais importantes de todos os tempos. A história foi publicada pela primeira vez em 1890 no Lippincott's Monthly Magazine. De lá para cá, vem ganhando novas edições ano após ano e já foi adaptada para o cinema e para o teatro.






















Oscar Wilde                                                                                       Primeira versão da obra


A narrativa conta a história de Dorian Gray, um jovem de 20 anos de idade, dono de uma
beleza física inimaginável e pertencente à alta burguesia inglesa que é retratado pelo pintor Basil Hallward, este por sua vez, acaba por desenvolver uma paixão platônica pelo rapaz que vira fonte de inspiração para sua arte.

Lord Henry Wotton, um aristocrata cínico e hedonista típico da época e grande amigo de Basil, conhece Dorian e o seduz para sua visão de mundo, onde o único propósito que vale a pena ser perseguido é o da beleza e do prazer. Wotton era um homem extremamente inteligente, perspicaz, irônico e tornou-se muito próximo de Dorian, passando a instigá-lo e a estudá-lo em suas reações e atitudes.

Dorian se apaixona por Sibyl Vane, uma jovem artista humilde que se apresenta em um pequeno teatro. Ao receber o convite de casamento de Dorian a moça fica lisonjeada e numa noite que representou muito mal, Dorian e seus dois amigos convidados, Basil e Wotton, fala que viverá apenas para o amor do noivo. A energia da moça foi dirigida para o objeto amado e apresentou-se como uma artista medíocre. Isto levou Dorian a desapaixonar-se. Então, ele a humilhou e desprezou. Virou-lhe as costas para nunca mais voltar. Diante disto, ela comete suicídio.

Ao chegar em casa, Dorian percebeu que seu retrato estava com uma expressão de sarcasmo e a partir daí descobre que acontecera aquilo que havia desejado em um dos seus diálogos com Lord Wotton, o retrato envelhecia e se alterava enquanto ela permanecia jovem e bonito. Desde então, Dorian passou a viver tudo que lhe era ou não permitido. Passou a ter uma conduta fria e interesseira com todos à sua volta. Apenas o quadro se alterava, transformando-se numa figura monstruosa sendo que das mãos da imagem gotejava sangue.

                                               Filme O Retrato de Dorian Gray de 2009

Quando Dorian já estava com 40 anos e seu corpo permanecia tão jovem e bonito como quando tinha 20, ele passa por uma crise de consciência e tentou voltar a levar uma vida pura, mas percebeu claramente a verdade: sua vaidade e hipocrisia era tanta que não conseguia mais mudar. A única prova de seu mau caráter, de sua consciência, era o quadro.

Numa atitude de desespero por tal situação, Dorian tentou destruir o quadro. Os criados ouviram um grito e correrram para acudir o patrão. No chão jazia o corpo castigado pelo tempo de Dorian e na parede permanecia intacto o seu magnífico retrato de quando jovem.

Esta obra pode ser importante para pensar sobre a valorização simbólica da  juventude além de despertar grande polêmica em relação ao seu conteúdo homoerótico. Na época de sua escrita, o próprio Oscar Wilde foi apontado como o pai do decadentismo na Inglaterra, coisa que ele sempre negou. Diante deste clássico da literatura, podemos pensar no processo de envelhecimento como algo natural e necessário e de como a determinados grupos sociais impõe seus padrões de corpo perfeito, beleza e riqueza como valores a ser perseguidos cegamente, "custe o que custar". O personagem Lord Wotton, parece estar sempre com inveja da beleza e juventude de Dorian, o que pode despertar uma reflexão sobre a representações da velhice e da juventude nos meios de comunicação, nos espaços públicos e nas interações do cotidiano.

Consideramos que o livro serve como base para pensar criticamente a respeito dos conteúdos vistos na disciplina de Psicologia Social I, pois a história trata das diferenças culturais e sociais, dos estereótipos, preconceitos e discriminação por parte da aristocracia vitoriana, mas que não deixa de ser a mesma das elites contemporâneas. Fala da formação da atitude e de como o meio influencia na construção social da identidade do indivíduo.

Por Marcelo Salcedo Gomes

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